terça-feira, 19 de abril de 2011

XXVIII



     Para mais, para uma medida sempre maior, cortadas as vazas não há limites, o jogo avança perdido carta a carta sobre a mesa verde. Essa será a verdadeira beleza, inevitavelmente perdido, o jogo, sem que por isso se abandone a mesa, sem que por isso cada carta seja tirada com menos furor, até que por fim as luzes se apaguem, todos os apostadores abandonem sala e nós mesmo assim, no escuro, vasculhando as cartas deitadas procurando por mais. 

     Apenas porque cada paisagem se embrulha numa torrente imparável de cor, cada folha confundindo-se ao longe, com aquela perdida há já tanto tempo. E as trepadeiras incansáveis sempre a subir pelas fachadas cada vez mais velhas sem que por isso o sol se cubra de vergonha. 

     Mais um jogo! Mais um jogo! Mais um jogo!