quinta-feira, 21 de abril de 2011

XXIX

     Ele está prestes a ser fuzilado. Atado a um poste de madeira no pátio do estabelecimento correcional espera pela sua bala. Nem um som, excepto o da carabina a carregar, nada de não familiar, ouviu este som centenas senão milhares, de vezes ao longo da sua vida, o som da carabina a carregar. Do meio do pátio do estabelecimento correcional olha para cima, o céu pesado anuncia chuva. Lá fora por certo alguém recolhe apressadamente a roupa do estendal. Uma contínua brisa gelada arrepia-lhe a pele que se contrai como quando em pequeno esperava em calções pelas aulas de ginástica. Nem um som, excepto o da carabina a carregar. Nas costas um ligeiro desconforto por causa de uma farpa saída do poste. Nada a assinalar, apenas um ligeiro gosto a ferro como se tivesse vindo a correr. Nem um som, excepto o da carabina a carregar, nada que diga que vai acabar.